Sérgio de Vasconcellos
No seu famoso discurso de Despedida do Parlamento, Plínio
Salgado, reconheceu que sua Obra estava esparsa e desconexa e urgia sistematizá-la(1). De
fato, tendo o Movimento Integralista, desde a sua Fundação em 1932, se lançado
na luta pela emancipação material, intelectual e moral do Povo Brasileiro, a
exposição sistemática de nossa Doutrina ficou prejudicada. No entanto, o
Integralismo é um genuíno e completo Sistema Filosófico, apesar de aos olhos de
muitos aparecer apenas como uma mera ideologia política, o que está longe de
ser verdadeiro.
Toda a Literatura Integralista,
infelizmente, ressente-se de uma ambivalência, isto é, a exposição Doutrinária
vem sempre acompanhada de elementos práticos e programáticos, ditados pelas circunstâncias
históricas, ou, em outras palavras, toda Obra Integralista tem, simultaneamente,
uma parte essencial e imutável – a Doutrina Integralista propriamente dita -, e
outra acidental, resultante da interação da Doutrina do Integralismo com a
ambiência, com a conjuntura nacional e internacional, enfim, é inalterável no
seu sentido estritamente teórico e mutável e modificável no restante.
Consequentemente, toda Obra
Integralista deve ser tida como uma síntese provisória e incompleta da Doutrina
Integralista, e cujo conteúdo foi em grande parte determinado por
circunstâncias supervenientes e pelas necessidades políticas do nosso
Movimento.
Acrescente-se ainda outra
dificuldade: A Literatura Integralista via de regra aborda temas inusuais, ou,
quando trata de assuntos da ordem do dia, a abordagem é sempre por um ângulo
diferente daquele proposto pelos ideólogos burgueses (liberais e marxistas).
Ora, como a maioria dos Brasileiros só sabe aquilo que a mídia burguesa difunde,
isto significa que nada sabe da Verdade, não tendo autonomia, num primeiro
momento, para entender o Integralismo.
Assim, quando um não Integralista ou
mesmo um neófito Integralista se aproximar da nossa Literatura deverá
ter em mente que:
1º O Integralismo é uma Doutrina
autenticamente Revolucionária, totalmente diferente de tudo aquilo que conhece
ou supõe conhecer.
2º Em
qualquer Livro ou Texto Integralista, paralelamente a exposição
Doutrinária, de valor permanente, existe uma parte transitória, valida tão
somente para o período em que foi proposta, e que para nós tem um valor
histórico e, é claro, como exemplo do emprego do Método Integralista para a
solução de problemas nacionais e internacionais.
Portanto, não distinguir – por ignorância,
má-fé ou parcialidade ideológica - o que
é perene do que é perecedouro na Literatura Integralista é a matriz de todos os
erros no entendimento e interpretação da Doutrina do Integralismo. Ontem ou hoje, a nossa Doutrina está sempre
inserida em determinado contexto, e ignorar tal fato só pode gerar
incompreensão, histórica e doutrinária. Fique claro que não estou relativizando
a Doutrina Integralista, pelo contrário, a exata contextualização da Literatura
Integralista previne contra qualquer relativismo doutrinário. O relativismo, em
qualquer feição que assuma, é a antítese do Integralismo. Enfim, por incompatível com a própria noção de
Integralismo, deve-se evitar a unilateralização no estudo de nossa Doutrina,
pois, a despeito das deficiências expositivas, ou apreendemos o Integralismo
como um Sistema Filosófico completo ou nada entenderemos do que realmente é o
Sigma.
1) SALGADO, Plínio. Despedida do Parlamento.
Brasília: Câmara dos Deputados, 1976; p. 3. Lamentavelmente, o Chefe Nacional
não atingiu tal desiderato. Uma exposição
sistematizada do Integralismo, portanto, ainda, está por ser feita. O
Companheiro Gumercindo Rocha Dorea, um dos mais autorizados conhecedores do
Integralismo, acalenta o projeto de elaborar a “Súmula Integralista”, justamente
para preencher tal lacuna.
Olá Professor Sérgio,
ResponderExcluirAchei muito importante o esclarecimento que o senhor nos passa sobre o fato que toda Obra Integralista tem, simultaneamente, uma parte essencial e imutável – a Doutrina Integralista propriamente dita e outra acidental, resultante da interação da Doutrina do Integralismo com a ambiência, com a conjuntura nacional e internacional, enfim, é inalterável no seu sentido estritamente teórico e mutável e modificável no restante.
E sobre os dois pontos que esclarecem uma compreensão ampla e histórica de como devemos olhar para o movimento como um todo doutrinário e como uma doutrina pertencente a história, mas anexável á atualidade.
Anauê,
Leandro CHH
não seria a filosofia integralista que deveria atingir sua síntese, uma vez que a literatura é mesmo uma heterogenea amalgama de estilos e interpretações: enquanto que a filosofia deve alcançar sua síntese entre os ramos para definir uma compleição na totalidade ?!
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