domingo, 4 de julho de 2021

O INTEGRALISMO E O AMOR

 

Sérgio de Vasconcellos

Companheiros.

No dia 27 de Maio de 2021, o Companheiro Carlos Ribeiro, Líder dos Integralistas Cearenses, publicou no seu canal o vídeo “Amor ou Ódio”, que recomendo a todos que assistam.

O que pretendo dizer aqui é apenas um reforço às brilhantes ponderações do notável Camisa Verde, sem dúvida um dos expoentes do Integralismo Contemporâneo. E vou fazê-lo, inicialmente, lendo algumas passagens de conterrâneo do Companheiro Carlos Ribeiro: Gustavo Barroso.

Em seu magnífico livro “Espírito do Século XX”, o imortal Gustavo Barroso vai nos ensinar:

Integralismo é compreensão. Só quem compreende a doutrina integralista pode ser integralista consciente. Há muitos modos de compreendê-la. Há a compreensão pelo estudo de seus pontos básicos e a comparação com o liberalismo e o comunismo. Há a compreensão pela graça do sentimento. E há ainda, a maior, a compreensão pelo amor.

Uns estudam nossos livros, ouvem nossas conferências, leem nossos jornais e compreendem o que queremos. Então, se decidem e formam conosco. Outros sentem as dores da nossa pátria escravizada, experimentam as mesmas angústias que experimentamos, se estorcem no mesmo sofrimento e, com a alma a transbordar de emoção, correm para as nossas fileiras.

Mas o grande exército verde, o que marcha do fundo do interior, composto dos homens hunildes do campo, tão abandonados e tão explorados, esse vem para nós pelo amor instintivo do Brasil. (...)[1]


E mais adiante:

Justamente por ser amor é que o Integralismo é construção. Somente quem ama é capaz de construir. O ódio é destruição. Reparai como nas épocas de decadência social, de materialização, de materialidade, toda a criação desaparece do cenário intelectual, em que unicamente florescem, se florescem os cardeiros da crítica. O crítico analisa, desassocia, joeira, separa, divide, não produz, não reúne, não cria. Incapaz de organizar e de criar, esforça-se por demonstrar que é capaz de esmiuçar defeitos e de corrigir, para se apresentar capaz de alguma coisa. Quando as águias de Roma começaram a fechar as asas, apareceu um Luciano de Samosata. Quando se carregavam os canhões para a Grande Guerra, apareceu um Anatole France. E que faz toda essa barulhenta e vazia imprensa de hoje?

Cria? Não. Critica tudo, critica todos, acaba criticando a si própria.

O Integralismo é o amor pelo Brasil, o desejo de vê-lo grande, próspero, feliz, poderoso. É a criação dum sentido novo da vida para chegar a esse fim. E somente é possível criação pela educação e pelo ensino. Não é possível ensinar e educar, odiando. Ensina-se e educa-se, amando.

Dentro do movimento integralista, portanto, o integralista não deve criticar, mas, suprir. Suprir os defeitos dos companheiros. Suprir as falhas dos próprios chefes. Supri-las sem que o próprios supridos deem por isso. No Integralismo, o movimento está acima dos indivíduos, as ideias sobrelevam as pessoas. Na sua profundez cristã, o seu amor não se personaliza: é amor ao próximo seja ele quem for.[2]

Fiz questão de ler estes dois trechos de Gustavo Barroso para calar a boca antecipadamente desses tais “barrossianos”, que nunca leram uma linha de sua Autoria e só envergonham a Memória do Autor de O que o Integralista deve saber com as tolices que propalam.

Mas, como não podia deixar de ser, ouçamos a Palavra Autorizada do Chefe Nacional[3] em seu famoso discurso de 27 de Outubro de 1946, onde nos diz como devemos tratar os nossos mais tradicionais adversários, os comunistas:

O comunismo e os comunistas

Sustento, por conseguinte, este princípio fundamental da nossa propaganda. Doutrinariamente, ideologicamente, combatemos o comunismo, não por ser um partido adverso ao nosso, mas, porque é uma doutrina filosófica baseada no socialismo de Marx, e o socialismo de Marx é baseado no materialismo, e nós somos espiritualistas.

Só por isso o combatemos no campo doutrinário, procurando esclarecer o povo brasileiro acerca desse problema de ordem filosófica.

Não combatemos os comunistas. São brasileiros, muitos deles revoltados por injustiças reais, muitos desejando uma melhor situação para as classes desfavorecidas, muitos deles com maior teor de dignidade do que o burguês, que tem uma vida má, vida de prazeres, e que quer defender a sua propriedade, da qual ele usa e abusa em detrimento dos princípios cristãos que devem reger o uso da propriedade.

Eu, portanto, recomendo a todos aqueles que comigo estão nesta batalha pelo bem do Brasil, pelo amor às nossas tradições, pela afirmação da nossa espiritualidade, da nossa crença em Deus, e na imortalidade da alma humana; recomendo que tratem carinhosamente o comunista combatendo vigorosamente o comunismo, essa doutrina materialista, pela nossa convicção espiritualista. Amemos o nosso próximo, seja ele quem for, e procuremos, pela ação pessoal conquistar, um a um, os brasileiros.[4]

Não é interessante que o Chefe e Barroso nos digam a mesma coisa? E ainda há quem propale que havia divergência entre eles...

Bom, Companheiros, então, nós podemos dizer hoje aqui a essa turma do Facebook, a esses imbecis que nos perseguem, àqueles que nos caluniam, enfim, podemos afirmar que, ao contrário do que dizem todos esses nossos adversários, o Integralismo não é uma Doutrina do ódio, mas, de Amor a todos os Brasileiros, irrestritamente.

Obrigado.

Pelo Bem do Brasil!

Anauê!

Palestra virtual proferida no Canal do Companheiro Moisés Lima em 29 de Junho de 2021: Integralismo: Doutrina de Amor.


NOTAS:

[1] BARROSO, Gustavo. ESPÍRITO DO SÉCULO XX. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1936; p. 168.

[2] BARROSO, Gustavo. IDEM. P. 171 e 172.

[3] A expressão “Palavra Autorizada do Chefe Nacional” é de criação do Companheiro Prof. Ubiratan Pimentel.

[4] SALGADO, Plínio. DISCURSOS (1ª série – 1946/1947). 1ª Ed. São Paulo: Panorama: 1948; p. 50 e 51.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O INTEGRALISMO E A EDUCAÇÃO

 

Sérgio de Vasconcellos

Companheiros.

Todos sabemos que o Integralismo, enquanto Movimento político, social e cultural objetiva a Formação de uma Consciência Nacional, mais especificamente, uma Consciência Nacional Integralista.

Este nosso esforço de conscientização de todos os Brasileiros diferencia-nos de outros movimentos políticos, pois, ao invés de ambicionarmos cargos governamentais, mandatos públicos, vitórias eleitorais, enfim, o mero Poder, nós buscamos conquistar os corações e as mentes de cada um dos Brasileiros. Deixemos a tola burguesia, de direita e de esquerda, digladiar-se em torno do efêmero Poder, enquanto nós consolidamos as Bases do Brasil Integral.

Já nos distantes anos 30, o Chefe Nacional Plínio Salgado nos dizia: “Nossa vitória não virá em consequência de “golpes técnicos” nem como resultado de conspiratas contra os governos constituídos: virá, automaticamente, pela infiltração poderosa das Ideias”[1]. E aí, então, “quando formos um número tão grande”, e, “pela força desse número conquistaremos o Poder da República”[2]. A técnica que usamos desde a origem do nosso Movimento é aquela que o Chefe muito apropriadamente designava por “Técnica de Cristo”[3], que é a antítese da técnica de Sorel e da politicagem sórdida dos partidos burgueses.

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O nosso Movimento, Companheiros, é, como se depreende, um Movimento Educacional. E é nesse sentido que deve ser entendida aquela paradoxal afirmação de Plínio Salgado: “ Todos os problemas do Brasil se reduzem, afinal, ao problema da Educação”[4]. Sim, somente Educando o nosso Povo, trazendo-o para a Luz do Ideal Integralista, conseguiremos superar todos os Problemas Nacionais, arrancar o Povo de sua miséria material e intelectual, dando plena realização à Vocação de cada Brasileiro e abrindo caminho para a concretização integral das aspirações materiais, intelectuais e morais da Nação Brasileira.

Evidentemente, ninguém dá o que não possui, logo, para que Ensinemos o Povo Brasileiro, nós, Camisas Verdes, devemos estar preparados para tal Magistério. Isto significa que, como preliminar impositiva, todos devemos estudar o Integralismo. Rompendo aqui com os lugares comuns da sociedade burguesa em que vivemos, afirmo que o Estudo do Integralismo não é uma obrigação tão somente dos Jovens Integralistas ou dos que ingressaram recentemente no Movimento, muito pelo contrário, o Estudo do Integralismo é uma Obrigação para todos os Integralistas, de todas as idades e é uma atividade permanente, uma vez que não somos apenas seguidores de Plínio Salgado, mas, também, continuadores de sua Obra. Frisando: Os Integralistas têm a responsabilidade de se preparar o melhor possível para que o nosso Movimento possa desempenhar sua Missão Histórica.

Os Integralistas sempre estudaram e, hoje, não poderia ser diferente, ainda mais com a disponibilidade de meios de comunicação e difusão inexistentes para os Integralistas das gerações anteriores. Assim, além daqueles métodos já disponíveis no passado (livros, jornais, revistas, panfletos, etc.), agora podemos Semear a Palavra Nova dos Tempos Novos pela Internet, com alcance brutal, o que tem apavorado aos inimigos do Brasil. Em nossos dias, além da publicação de livros físicos, as Obras Integralistas digitalizadas estão se tornando acessíveis aos Brasileiros em todos os rincões da Pátria.

Tal amplitude de difusão da Filosofia Integralista, simultaneamente, nos permite estudar nossa Doutrina, bem como, auxilia a transmissão de nossas Ideais àqueles que estamos Ensinando. Um exemplo claro do que afirmo é p Estudo das “Diretrizes Integralistas” realizado aqui por intermédio deste canal do Grupo de Estudos Integralistas.

As Diretrizes Integralistas, redigidas em 1933 por Plínio Salgado, Miguel Reale e Dom Nicolau Flue Gut, cujo conteúdo foi aprovado pelo insigne Jesuíta Pe. Leonel Franca, foi – e ainda é – um documento aclarador das Ideias Lanças pelo Chefe Nacional no Manifesto de 7 de Outubro de 1932[5].

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Falei acima que é um dever de todos os Soldados de Deus e da Pátria, não importando a idade, de estudar o Pensamento Integralista. Obviamente, isso não elide o fato de que os mais jovens deverão ser orientados pelos mais velhos, ou seja, que a Formação da Nova Geração Integralista é uma responsabilidade que cabe àqueles que estão conduzindo o Movimento. Ora, a Juventude é sempre irrequieta, impaciente, buscando resultados imediatos, o que é perfeitamente compreensível. Mas, aqui dirijo-me especificamente à Nova Geração, que está acorrendo até as nossas Fileiras, com as devidas palavras de esclarecimento do nosso Chefe:

Se a Juventude traz consigo o Amanhã da Pátria é porque dela deverão sair os responsáveis pela sobrevivência da Nação. Prepará-la para que produza os valores humanos, de que a comunidade nacional precisa, deve ser toda a nossa aspiração.

A Mocidade não se prepara nas ruas, no fragor das batalhas transitórias. Lançar os jovens nas empresas da demolição do Mal, sem a iniciação prévia na ciência e na arte de construir o Bem, será desviá-los de um destino superior. As mais belas campanhas, se resultantes do improviso, hão de ser, inevitavelmente, como o estrondo das ondas na superfície do mar. As ondas facilmente se deixam levar pelo magnetismo da lua ou pelos ventos inconstantes que sopram em todas as direções. Só as águas profundas resistem. Só elas trazem consigo as potencias da irredutibilidade.

A irredutibilidade no Homem é a estrutura do caráter. O caráter se forja pelo concurso de três elementos: personalidade, cultura e educação. Desenvolver a personalidade, enriquecê-la pela cultura, dar-lhe ritmo pela formação moral e espiritual – eis o que nos cumpre quando nos entregamos ao magistério da palavra esclarecedora e da ação criadora, no esforço de suscitar o advento de grandes homens para a Pátria.

A mobilização dos moços para uma campanha de moralização, de luta contra os desmandos e contra a degradação dos costumes é iniciativa que merece todo o respeito; mas é expediente empírico, visando o tratamento meramente sintomático da enfermidade social. Não vai às raízes da moléstia. Não procura as causas históricas das desgraças que lamentamos.

O conceito moral depende de uma concepção de vida. A concepção de vida decorre do conhecimento da verdade e da compreensão da realidade. Pois a mesma verdade pode ser desvirtuada e abastardada na concretização dos seus objetivos, se a mente desavisada opera sob a injunção de circunstâncias desconhecidas.[6]

E mais adiante prossegue:

A iniciação dos espíritos jovens exige trabalho metódico, sistemático. Repele o “dispersivo” para se ater ao “reflexivo”. Evita o “extenso” para que predomine o “intenso”. E não se entrega à exteriorização sem precedê-la de longos dias de interiorização.

O jovem deve construir-se primeiro, para depois pensar em construir a sociedade. A autoconstrução não se faz nas praças públicas, nem no fragor das manifestações coletivas; pelo contrário, forja-se no estudo, na meditação, na discussão, na troca de ideias.[7]

Os trechos acima foram extraídos do capítulo “A Verdadeira Missão da Juventude”, do fantástico livro do Chefe, “Reconstrução do Homem”. Infelizmente, por questões de tempo, não posso alongar-me com a leitura de mais passagens, igualmente prenhes de sabedoria. Recomendo a leitura do mencionado capítulo, aliás, de todo o Livro.

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Por tudo o que disse até aqui, acredito ter evidenciado a importância crucial do estudo para o Movimento Integralista. Finalizando, uma citação de Gustavo Barroso:

O Integralismo é o amor pelo Brasil, o desejo de vê-lo grande, próspero, feliz, poderoso. É a criação dum sentido novo da vida para chegar a esse fim. E somente é possível essa criação pela educação e pelo ensino. Não é possível ensinar e educar, odiando. Ensina-se e educa-se, amando.[8]

Obrigado.

Pelo Bem do Brasil!

Anauê!

___________

Palestra proferida virtualmente em 19 de Junho de 2021 para o Grupo “Estudos Integralistas”.



NOTAS:

[1] SALGADO, Plínio. PALAVRA NOVA DOS TEMPOS NOVOS. 3ª Ed. São Paulo: Panorama, 1937; p. 57.

[2] SALGADO, Plínio. MANIFESTO DE OUTUBRO (1932). Rio Branco (AC): Nova Offensiva, 2019; p. 11.

[3] SALGADO, Plínio. PALAVRA NOVA DOS TEMPOS NOVOS1 1ª Ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1936, p. 49 e segs.

[4] SALGADO, Plínio. RECONSTRUÇÃO DO HOMEM. 2ª Ed. São Paulo/Brasília: Voz do Oeste/INL, 1983; p. 85.

[5] SALGADO, Plínio. O INTEGRALISMO NA VIDA BRASILEIRA. Rio de Janeiro: Livraria Clássica Brasileira/GRS, s/d; p. 73.

[6] SALGADO, Plínio. RECONSTRUÇÃO DO HOMEM. 2ª Ed. São Paulo/Brasília: Voz do Oeste/INL, 1983; p. 79 e 80.

[7] SALGADO, Plínio. IDEM. P. 80 e 81.

[8] BARROSO, Gustavo. ESPÍRITO DO SÉCULO XX. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1936; p. 172.